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1- A situação nacional está hoje enredada numa vaga de interrogações. Não vivemos apenas uma conjuntura agravada relativamente a anteriores. Processam-se alterações, ainda em curso, de reconfiguração do regime capitalista. O que sempre reaviva fantasmas mas, ao mesmo tempo, cria novas etapas da luta popular. Em Portugal, estamos até num momento confuso sobre o entendimento do estado do país e do próprio regime político. Basta olhar para a discussão, "se o país está melhor ou pior", ou para os ataques ao Tribunal Constitucional. Sem dúvida, a intervenção da troika desde 2011, controlando o governo e reduzindo o parlamento a um papel decorativo, está na origem desse facto. E a iminente substituição da troika, em maio de 2014, por uma tutela indireta da União Europeia, gerando a controvérsia sobre as saídas “limpas” e “sujas” do pós-troika, também contribui para obscurecer a natureza dos conflitos presentes.
1. A austeridade determina a luta política e social do nosso tempo. Tendo a divida como instrumento de chantagem permanente, a austeridade orçamental justifica o maior ataque aos direitos de abril com um programa de empobrecimento a longo prazo. A ofensiva para o aumento da exploração entrelaça-se com uma vaga conservadora, atacando direitos sociais e liberdades políticas. Em toda a Europa, os partidos da alternância seguem o rumo deste retrocesso civilizacional. O aprofundamento da crise do capitalismo financeiro exige à esquerda a afirmação de alternativas anticapitalistas e intransigentes na defesa da dos direitos sociais e do aprofundamento da democracia, sem cedências à política da chantagem que destrói o Estado Social e arrasa os direitos constitucionais. Em Portugal, o Bloco de Esquerda é o sujeito político que nasceu para representar essa exigência de transformação social.